WEB 3.0 -  Descentralização do poder online

Após 2 décadas de grandes empresas a usarem a WEB 2.0, para criar plataformas úteis para os utilizadores, o “preço a pagar” é a centralização de extração de dados dos usuários e o seu comportamento na internet. 


Sabem aquele aviso que aparece quando se instala a aplicação: “Permitir seguir” ou “Permitir aceder à localização durante a utilização” ? É, exatamente, neste clique que consentimos que a partilha de todos os nossos dados pessoais, incluindo comportamento online,  sejam recolhidos pela inteligência artificial das plataformas centralizadas, com grande capacidade de leitura e retenção de dados dos usuários.


Sem dúvida, que a evolução da Internet foi uma das melhores ferramentas disponibilizadas à sociedade no nosso século: em primeiro lugar a WEB 1.0, que democratizou o acesso à informação, qualquer pessoa pode aceder a informação, com a introdução da WEB 2.0, focada nas comunidades (Social Media), foi possível evoluir no conceito de produção de conteúdos e abrirmos um mercado a novos produtos e serviços que, até então, estavam poucos explorados e comunicados. 


Desenvolveu-se uma economia em torno da tecnologia, através produtos úteis para o consumidor e empresas, criando canais de comunicação mais diretos e estreitos, facilitando a comunicação entre as partes.


O ciclo de vida da internet, como a conhecemos, parece ter entrado numa fase de ” maturação” de produto, como se não houvesse muito mais a inserir na grande “teia”, com o uso das Social Media e a facilitação de plataformas na criação de novas ferramentas (ex. Wordpress), a democratização do conhecimento passou a ser banalização e desinformação; as plataformas, enquanto intermediárias, providas de uma inteligência artificial, baseado em comportamento humano, tendência, e, de certo modo, corrupção, não conseguem assumir uma postura neutra em relação ao consumidor, porque a leitura dos grandes dados é influenciada por uma IA dominada por intermediários - importa referir que em nenhum momento este texto é sobre conspiração, é sobre percepção e utilidade de informação.


Estamos a entrar numa nova fase da internet e, enquanto utilizadores, devemos estar atentos às novas tendências e usar a nosso favor o conhecimento do sistema, ou da Rede. 


O marketing e a internet são focados na personalização e o consumidor exige, cada vez mais, uma experiência mais personalizada e individual, a WEB 3.0 é focada em alcançar individualmente cada pessoa, para entender as suas preferências, adaptadas ao seu comportamento e, revolucionariamente, com a privacidade e protecção de dados desejada.


Através da mesma tecnologia de Blockchain, a WEB 3.0 aumenta a confiança no uso online, deixando de existir intermediários entre o consumidor e as marcas, o utilizador fica descentralizado das plataformas e controla tudo o que quer ver. 


Na WEB 2.0 a navegação é sugestiva por parte das empresas intermediárias, que usam os dados pessoais para “melhorar a experiência” do consumidor, através da tecnologia e da inteligência artificial, que analisa os dados para "mostrar aquilo que entende que o consumidor quer”; por este mesmo motivo as empresas,  detentoras dos nossos dados,  sofreram grandes processo judiciais. 


Hoje em dia, as ideias de público-alvo e nicho começam a ficar um pouco “distorcidas: podemostraçar um perfil de consumidor, mas as novas gerações de consumo demonstram-nos que comunicar para um público é obsoleto. O sucesso das Social Media é o resultado de que as marcas mudaram as perspectivas do conceito tradicional e começaram a entender que o perfil de consumo é muito mais abrangente, porque as pessoas identificam-se mais com os valores intangíveis da marca, como por exemplo: “quem a usa?”, mas pode não estar inserido no mesmo perfil de consumo. Faz sentido?  Além do mais, vivemos numa época de mudança e entendemos que as preferências do consumidor estão sempre a mudar e deixam facilmente de seguir um padrão determinado pelas marcas. Na verdade, as marcas ainda não tinham percebido que quem define o valor da marca no mercado é mesmo o consumidor. 


Com o poder da descentralização e dos utilizadores a assumir ativamente a questão da preferência e da privacidade das suas vidas, chega o conceito da WEB 3.0, com o principal objetivo de descentralizar o poder online. 


Na WEB 3.0 o software funciona em código aberto, permitindo que seja desenvolvido pela comunidade e de domínio público, não utiliza plataformas de terceiros, nem permissões (ou cookies) e funciona em todos os dispositivos móveis e IOT.


“Mas vão acabar com as Social Media?” - temos a certeza que é a sua grande preocupação neste momento, e a resposta é Não.


A tecnologia da WEB 2.0 sobre disponibilização e criação de conteúdos continuará a evoluir de forma a encontrar um equilíbrio com as novas características da WEB. 


A tecnologia da criptografia, atualmente conhecida através das criptomoedas é a ferramenta do futuro da WEB, para entendermos como a descentralização de entidades de poder online terá efeito na liberdade de informação dos utilizadores. 


Podemos entender como vantagens da WEB 3.0:


Controlo de dados e privacidade, de modo a proteger a informação, impedindo que grandes organizações controlem os dados e comportamentos dos utilizadores;

Transparência, através da tecnologia de blockchain de código aberto que permite que os utilizadores sejam independentes na utilização da WEB;

Serviços ininterruptos, com o armazenamento descentralizado, permitindo que os utilizadores acedam aos seus dados em qualquer momento e lugar (Edge Computing);

Acessibilidade aberta dos dados, a WEB 3.0 permite que os usuários interajam com qualquer máquina sem precisar de plataformas intermediárias;

Perfil único, o utilizador tem apenas um perfil para usar em qualquer plataforma, sem que alguma organização tenha acesso aos seus dados privados, sem autorização;

Sem restrição, a WEB 3.0 é acessível a todos, sem restrições de pagamentos, localização geográfica, gênero e fatores sociológicos;

Processamento de dados aprimorados, utilizando IA para partilhar informações valiosas. 


No entanto é necessário considerarmos os desafios da evolução: 


Sites de WEB 1.0 ficarão obsoletos por não terem tecnologia suficiente para programar novos recursos, fazendo as empresas perderem vantagens competitivas.

A necessidade de dispositivos avançados limita a usabilidade da web 3.0 porque a tecnologia de ponta tem um custo muito elevado, não sendo acessível a toda a população, pelo menos na sua fase inicial. 

A adoção generalizada ou em massa não será comportável, porque não está acessível a todos (ainda); 

Gestão da reputação, as marcas terão de trabalhar mais para comunicar os produtos, imagens e reputação;

Funcionalidade complicada pela combinação de tecnologia de ponta (IA e blockchain) com ferramentas antigas da web pode gerar uma certa confusão para o utilizador. 


Qual a importância da WEB 3.0?


WEB 3.0 é construída de usuários para usuários, na forma de plataformas dirigidas por criadores. 


Através de:


Repositórios descentralizados: a escassez de dados e pegadas digitais (trajeto do utilizador na internet) diminui a partilha de dados, evita hackers e diminui a dependência de repositórios centralizados;

Interações personalizadas, a WEB cada vez mais personalizada, investindo na individualização dos usuários;

Pesquisa alimentada por IA, pois já existem motores de pesquisa humanizados;

Ausência de intermediários, isto é, fornecer valor diretamente aos clientes e provedores de rede, partindo do princípio que as pessoas trabalham em conjunto para resolver problemas, controlar a propriedade mútua e o governo por estruturas descentralizadas;

Confiança aprimorada pela próxima geração de internet, tendo o conhecimento necessário para reduzir o uso de plataformas individuais para atividades empresariais;

Conexão peer-to-peer (ponto a ponto), a conectividade peer-to-peer possibilita que os humanos, máquinas e empresas partilhem os seus dados sem perderem privacidade e segurança. 


Será fácil esta adaptação para todas as gerações?

Falaremos dessa questão noutro artigo. 


Por enquanto queremos partilhar convosco o início de uma nova (r)evolução online e, por assim dizer, do mundo, da sociedade. 


Com a evolução da blockchain e realidade virtual/aumentada, observamos novas plataformas, como o Metaverse, a surgirem na Web, por ser possível criar mundos tridimensionais para realização de eventos que, até agora, exigem presença física, tais como: conferências, conversas à distância no mesmo ambiente online, visitas a museus, no fundo, criação de ativos digitais de qualquer negócio. 


A Web 3.0 surge para proteger os utilizadores online, conservando os seus interesses de modo a personalizar cada browser, cada pesquisa, cada indivíduo. 


Estamos certos de que a implementação da WEB 3.0 deverá demorar alguns anos, ainda assim o processo que estamos a viver agora já faz parte dessa implementação. 

Estar atento e acompanhar a evolução faz parte do nosso trabalho Majikall, por isso partilhamos convosco. 


Obrigada!

Ana Lemos

 

#IOT #WEB3.0 #socialmedia #blockchain #metaverso

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